quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

POEMA



Eu queria compor um poema, mas que fosse algo diferente com inspiração vinda do fundo d’alma. Um poema que tocasse o coração de quem lesse, despertando diferentes emoções. Comecei a pensar. Voei imaginariamente em busca de tal inspiração, mas a danadinha não se fazia presente no ângulo de percepção do meu intelecto. Voltei à estaca zero. Pensei sobre o poema, e decidi que deveria ter a magia do astro rei quando desponta no horizonte despertando o mundo, deixando sua luz espargir em todos os recantos da terra, e mansamente transmitindo aos seres viventes toda energia necessária para mais um dia na história da humanidade. Aproveitar também a bucólica cena do seu ocaso, fonte de tantas inspirações, quando retrai sua intensa luminosidade, para a vinda da lua, e retirar-se cheio de mesuras para a sua amada reinar à noite. O mundo neste período é todinho dela. Estes dois momentos certamente nos fartam de inspiração para um belo poema. Mas eu queria mais reservas sentimentais. Queria a paz que revela um pequeno regato de águas cristalinas correndo preguiçosamente entre pedras, paus, plantas, em sua rota sinuosa. Você já reparou que ao sentarmos defronte a um regato assim, o pensamento voa, o espírito fica leve, a quietude nos acalma, relaxa e nos revigora. Este é um dos verdadeiros remédios para a alma da gente. Mas meu poema teria que ter outro ingrediente, o toque do amor milenar declarado diariamente nos beijos das águas do mar nas calientes areias da praia, seu abraço torrente, num vai e vem sistemático, e ela toda faceira não se faz de rogada, aceita contente as carícias de seu parceiro eterno, que mesmo nos dias de mau humor não deixa de beijá-la, com mais voracidade, é verdade, mas está sempre presente. Mas o meu poema deveria conter a beleza mortal da estranha força de um raio caindo na terra, descarregando em gozo supremo sua fúria elétrica, energizando o chão que pisamos, e que a sábia Mãe Terra nos devolve em minúsculas doses. Eu queria tanto escrever um poema diferente, porém não consigo sair da concepção, mas um dia hei de escrever, hoje já me cansei em ver o sol nascer, assistir seu poente, ver a lua surgir linda, correr nas matas atrás de regatos preguiçosos, sentir o bem das ondas do mar acariciando as areias da praia, e fugir da fúria do raio a cair.

Amanhã, isso amanhã! Talvez a inspiração venha.

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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

AMORES




Desfiz-me no tempo,
 tempo minguante de afeição pouca,
e razão louca!
Transfigurei a desilusão,
alimentei o espírito com encanto,
acordando o (in) sensato coração,
renasci!
Vi
um novo amanhecer,
novas cores
aquarelando aquela esquecida flor
faceira,
trigueira,
matreira,
o poeta é assim
remove dores,
vive amores....

Por Andrade Jorge


“Uma poesia sempre é dedicada, ainda que inconscientemente.”

Escrito em 21/03/07
Reescrito em 27/08/16

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domingo, 10 de dezembro de 2017

PENSOU EM MIM?


Pensou em mim? Essa era a pergunta preferida que Lilica fazia ao seu namorado, quando se encontravam. Ele respondia laconicamente: “pensei”. Mas ela insistia: “ pensou bastantinho ou bastantão?”. Ele repetia a mesma resposta: “pensei”.
Lilica que na verdade chamava-se Eliana, era uma moça bonita, simpática, romântica, sonhadora, vivacidade estampada no semblante, e dona de um sorriso encantador. Ela conquistava todos que conheciam-na porque também era muito prestativa, sempre solicita, daquele tipo “pau pra toda obra”. Com todos estes predicados, dons inatos buscou um curso onde se identificasse com a profissão, assim foi fazer Serviço Social. Seu namorado era o Carlos Henrique, que Lilica chamava  carinhosamente de Cacá. Ele era oposto  de Lilica, metódico, reservado, detalhista, e seu negócio eram as ciências exatas, calcular era com ele mesmo. Adorava matemática e física, e seu desejo era ser um cientista físico, para trabalhar em projetos espaciais. E estava estudando muito pra isso.  
Quem conhecia bem Lilica e Carlos Henrique ficava se perguntando: “Como pode dar certo esse namoro?”Pois é, o amor tem dessas coisas, juntar os opostos. Mas na realidade os dois se davam muito bem, porque Lilica apimentava um pouco a vida dele, e ele colocava um pouco de razão na vida dela, que era de muita, mas muita emoção.
Mas havia uma coisa que incomodava Carlos Henrique, quando Lilica o encontrava e vinha com aquela pergunta: “Pensou em mim?” e depois “bastantinho ou bastantão?” Tinha vezes que ele perdia um pouco a paciência e respondia: “pensei, oras! Sei lá se foi bastante ou pouco, sei que pensei!” Lilica ficava toda chorosa e dizia:
___  “poxa amor, não precisa falar assim, só queria saber se pensou em mim”. E assim viviam os dois, mas ninguém duvidava que eram completamente apaixonados. 
No dia do terceiro aniversário de namoro deles, combinaram que iriam jantar num restaurante chic e depois pra fechar a noite com chave de ouro (nesse caso era para abrir a noite), um luxuoso motel, afinal mereciam. E assim aconteceu.
O jantar foi maravilhoso, com direito a um concerto exclusivo de violino, champagne francesa, flores e tudo mais. Saíram  e foram para o motel, que inclusive já haviam reservado. Estavam felicíssimos ao entrarem na suíte especial. Realmente a suíte era luxuosa, tudo de bom.  Ligaram o som, musica romântica, começaram dançar apaixonadamente, rosto colado, corpo igualmente, foi aí que Lilica toda amorosa fez a famosa perguntinha:
___  “amor você pensou em mim hoje?” Carlos Henrique parou de dançar, olhou longamente para sua amada, e delicadamente pediu pra ela sentar na cama, e falou “Ah! Minha querida vou te explicar direitinho o quanto penso em você”

___ Li,  o dia tem 24 horas, e eu penso em você 1 vez a cada uma hora, portanto são 24 pensamentos. Você ta acompanhando o raciocínio? Então, cada vez que penso em você fico pensando por 10 minutos, logo num dia penso em você 14.400 segundos, ou seja 240 minutos que transformados em hora teremos 4 horas. Isto significa, minha querida,  que num universo de 24 horas, penso em você 16% do dia. Entendeu? Lilica balançou a cabeça dizendo que sim, estava estupefata com a exposição de Carlos Henrique. E ele ainda emendou: “ta vendo como penso em você pra caramba!” Lilica saindo daquele semitranse falou:
___ Poxa amor! Você foi fundo agora! mas gostei viu, agora sei o quanto você pensa em mim”“. 
Abraçaram-se carinhosamente e o amor, desejo, paixão, tesão, fluíram e beijos cada vez mais ardentes foram sucedendo-se, e os corpos se entrelaçando. Até que Carlos Henrique, todo apaixonado, sussurrou no ouvido da amada:
___ Li o quanto você me ama?” Ela respondeu de imediato”.
___ Ô meu amor, te amo mais que a distância da terra a lua, só que elevada ao cubo.
Carlos Henrique deu um longo suspiro, e voltaram a se beijar novamente. Os dois já estavam  chegando no ápice, no êxtase total, no momento supremo, ela gemia de prazer, e ele soltava uns “ah!”, “ééé”, “hum!” . Lilica notou que a performance de Cacá estava diferente, explica-se, diferente para melhor, muito melhor, seu amado estava simplesmente levando-a as nuvens como nunca houvera feito antes, não que as anteriores tivessem sido ruins, mas  essa estava acima da expectativa. Como diria  um personagem de novela: estava “felomenal”. Até que ela numa entrega total, gritou: agoraaa, agoraaa, agora amor.... e ele respondeu: “sim!” “ahhhh” e com a voz embargada de paixão, disse:   ___ “amor à distância é de 56 quatrilhões, 800 trilhões, 235 milhões de kilometros entre a terra e a lua, elevada ao cubo,  agora sei o quanto você me ama”. E a beijou ternamente. Lilica depois de se recuperar totalmente disse toda apaixonada:
___ Nossa amor você foi demais! O que você falou mesmo sobre quatrilhões, trilhões?
___ Ah! Querida cheguei no resultado da questão que você me falou sobre a distância entre a terra e a lua só que elevado ao cubo, e disse que agora sei o quanto você me ama.
___ Ô amor você já sabia esse resultado?
___ Não sabia. Calculei enquanto a gente fazia amor gostoso.
Depois daquele dia os amigos de Lilica estranharam o fato dela sempre estar lendo livros de física, matemática, e quando perguntada respondia:
___ Nunca se sabe quando iremos precisar de uns exercícios.... as ciências exatas auxiliam em tudo, em tudo pode crer! E saia com aquele brilho no olhar.

13/09/05
ANDRADE JORGE

DO LIVRO DE CONTOS: "Contos, En...cantos&Peripécias

ENCANTO Y DESENCANTO



Suelta  esa voz cantor,
explota en el sonido, el grito de mi corazon,
mis sueños e ilusiones,
mi encanto y desencanto,
mis miedos y secretos,
el llanto y dolor;

Suelta esa voz cantor,
y en el ritmo de esa melodia,
rima rica que irradia, letra pura de magia,
para callar en el pecho ese amor sin fin,
que domina mi querer;

Suelta esa voz artista,
trae de vuelta la alegria de vivir,
pero si lloro
no te preocupes no, continua la canciõn,
el amor es así
invade el alma, hecho flash que reluce
y en el brillo de esa luz,
haz la esperanza renacer
compañera de mi soledad;

Suelta esa voz actor,
interpreta mi escena, en este teatro vida plena,
porque necesito, necesito mucho
encontrar mi paz...



direitos autorais registrados
Fundação Biblioteca Nacional
Rio de Janeiro/Brasil
traduzido para o espanhol por
Tegualda Quiroga e Juan Esteban Alvarado

sábado, 9 de dezembro de 2017

VOZES

vozes vociferam:
De um lado
Frenéticos
Doutos
Citam artigos
Em meio a tantos,
E como tantos
Querem a coroa;
Vozes vociferam
do bando de la,
gritam, esperneiam,
dedo em riste
legitimam o presente
apontando bandalheiras
passadas,
ilegal antes, pode agora,
e como tantos
querem a coroa;
vozes vociferam, vociferam
você, eu no meio de tudo,
somos detalhe,
que anda na terra brasilis,
qual voz bradará
por nós?

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19/04/16

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

CORPO DESNUDO

Meu corpo desnudo
Treme com seu doce resvalar,
Em mim sacias o desejo, contudo
Se o corpo responde o coração insiste em se calar.

 Extravasando a emoção
Canta a paixão carnal,
Você chega ao êxtase nessa canção
Porque é só sexo afinal.

E é assim que tem que ser
Nos segundos de fervor,
Volúpia e fascínio no querer,
Amor? Você falou em amor?



15/01/10
ANDRADE JORGE

imagem google

QUANDO VOCÊ CANTAR

Quando ouvir você cantar,
meu encanto e desencanto,
e sentir na maciez da tua fala
toda energia que exala,
sentir tua voz mansamente invadindo,
partindo, rasgando meu coração,
não sei não, acho que vou chorar.

Quando em minha retina refletir
a meiguice, o sorriso, a ternura do teu olhar,
neste palco iluminado,
e descobrir a magia deste chão estrelado,
não sei não, acho que vou chorar.

Quando você cantar,
essa tempestade de emoção,
ver meu sonho na brisa bailar,
com leveza de plumas no ar,
não sei não,
acho que não vou aguentar.

Mas como diz a canção,
se eu chorar, não ligue não,
solte essa voz por favor,
para explodir meu desencanto,
não tenha medo, e sim a certeza,
que na beleza do teu canto,
já nasceu novo encanto,
por favor solte essa voz,
hoje o encanto somos nós ...

Andrade Jorge
direitos autorais registrados
Fundação Biblioteca Nacional

(dez/03)